A Instauração do Municipalismo Precisa de Políticos?

Reformar ou Trocar

A representatividade política é necessária para reformar o sistema vigente, pois, numa reforma, é necessário alterar centenas de leis. Senso assim, é completamente inviável mobilizar massas para apoiar uma a uma ou, em caso de apoio generalizado, o atendimento de algumas poucas demandas geralmente dispersa as multidões.

Além de requerer grandes quantidades de recursos em eleições, a representatividade política não é contínua, mas cíclica. Quando políticos pró liberdade são eleitos e conseguem retirar um pouco do peso estatal, o estado leva os créditos pela melhora social, pois o povo acredita que o governo é o dirigente do país — afinal, se a maioria entendesse que o livre mercado supre suas demandas autonomamente, a maioria seria liberal —. Nas próximas eleições, o povo está mais crente no estado, afinal, votaram certo e a situação melhorou, e há mais recursos disponíveis para serem gastos em assistencialismo. Desse modo, em tempos de bonança econômica, populistas têm mais chances de serem eleitos, revertendo qualquer melhora obtida por liberais anteriormente, visto que este tipo de político costuma se prostituir com grandes empresários, os amigos do rei.

Se é necessário representatividade para reformar o sistema enquanto que esta é cíclica, impossibilitando assim a reforma, a única alternativa é a troca do sistema. Isto é, em vez de mobilizar massas para aprovar cada uma de centenas de leis, basta mobilizá-las para trocar a atual constituição por uma mais próxima do ideal.

Constituinte

O problema da grande maioria de trocas constitucionais é a qualidade das mentes que as escreveram. Porém, uma constituinte, que é um poder central, eleita para escrever uma constituição cujo objetivo é abolir a centralização de poder não faz o menor sentido. Sendo assim, é natural que as massas apoiem uma constituição escrita pelos líderes que popularizarem o municipalismo. Popularização esta que necessita apenas de divulgação, visto que esta causa é embasada em diversos argumentos de senso comum.

Imposição

Para que uma constituição municipalista seja instaurada, as massas terão que pressionar o governo para referendá-la. E caso o governo ignore manifestações pacíficas, como é de se esperar, estaria uma parte considerável dos manifestantes disposta a impor à força esta exigência? E se estiver, as forças armadas ficariam do lado dos políticos ou do povo?

Se as pessoas estão dispostas a manifestar por uma pauta tão impopular quanto a reforma da previdência, imagine o quão motivadas estariam por uma única proposta que resolveria de uma só vez e de forma definitiva diversas demandas de senso comum?

Para que as forças armadas entrem em conflito com a própria população da qual é composta, é necessário uma situação em que esta seja a única forma de conseguir recursos básicos, como alimentação, a exemplo do que ocorre na Venezuela de Maduro. Ademais, qual é a motivação da maioria dos recrutas senão defender o próprio povo?


Siga-me no Twitter: @omunicipalista

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Municipalismo: A Melhor Forma de Combater o Estado

O Modelo Municipalista

Municipalismo: O Que Deve Ser Feito