Divisão do Trabalho Contra o Estado

A divisão do trabalho no mercado só funciona porque o sistema de preços diz a cada agente se está ou não no caminho certo por meio de lucros e prejuízos. Sendo assim, o que guia os ativistas na luta a favor da liberdade? Qual sistema nos revela se estamos sendo produtivos, perdendo tempo ou, pior, se estamos agindo de forma contraproducente? Absolutamente nenhum!

Por não termos um sistema que meça o resultado de nossos esforços, precisamos traçar logicamente a direção para onde devemos caminhar em vez de cada um decidir aleatoriamente seu destino. Não se trata de acabar com a divisão do trabalho, mas de estabelecer um todo viável a ser construído por todos.

Para encontrarmos o melhor caminho, primeiro precisamos estabelecer como ele deve se parecer, isto é, entender o que estamos procurando. Não podemos trilhar uma estrada esburacada nas encostas de uma montanha, temos que encontrar uma autovia duplicada em com pavimento adequado, para só então dividirmos nosso trabalho na construção dos melhores automóveis com o intuito de percorrê-la.

O melhor caminho no combate ao estado deve atacar diretamente o que o faz tender ao seu agigantamento e à supressão da liberdade, isto é, atacar a centralização do poder. Sem atacar a raiz do problema, jamais reverteremos essa tendência. É a concentração de poder que sustenta o capitalismo de compadrio e obstrui a concorrência política e econômica entre as diversas regiões do país, impedindo que o livre mercado supra as necessidades das pessoas e, por consequência, ponha em descrédito a utilidade do estado.

A via mais rápida em direção à liberdade também deve ser simples e não conflitar com o que as pessoas já acreditam. A grande maioria das pessoas não está disposta a parar para estudar assuntos que não podem lhe dar algum retorno direto. Além disso, dos poucos que se interessam, quase todos tratam a política como trata times de futebol, usando muito mais a emoção que a razão, tendo o orgulho e o medo de descobrir que está errado como grandes empecilhos na análise racional da realidade.

De acordo com as características ideais que a estratégia procurada deve ter, convencer as pessoas a um sistema de estado municipalista é a que melhor se encaixa. Não se trata de secessão, pois os leigos acreditam que o estado faz parte da grande família chamada nação, portanto, propor separação política é, para eles, propor divisão dos brasileiros. Trata-se de limitar o poder de legislar sobre pessoas e demais entes privados à esfera municipal, tendo um poder central apenas para administrar assuntos que extrapolam a capacidade de uma cidade, como representação exterior e arbitragem das relações entre os poderes municipais.

A estratégia municipalista não conflita com o que as pessoas já acreditam porque quase ninguém tem uma opinião formada sobre modelo de estado. Ademais, é fácil convencer leigos a aderir a essa proposta sem ter que ensinar política e economia. Veja alguns exemplos:
  • Com cada cidade tendo total autonomia para fazer suas leis, poderemos comparar os resultados de leis de diferentes municípios, sabendo quais funcionam e quais não.
  • O que é mais difícil para o empresário corrupto, comprar apenas os políticos do governo federal ou ter que subornar políticos em todas as cidades em que estão suas empresas?
  • É muito mais fácil pressionar as pessoas que mandam na sua vida se estiverem na sua cidade em vez de ter que encontrá-los em Brasília.
  • O político que mora na sua cidade entende muito melhor as suas necessidades que o engravatado no governo federal impondo suas vontades enquanto trata os brasileiros meramente como números.
Dentro da estratégia municipalista cada um deve encontrar a sua melhor maneira de convencer as pessoas a esse modelo de estado. Devemos sim dividir nosso trabalho, mas os nossos esforços têm de somar, isto é, construir um todo coerente e palpável.



Texto republicado.
Foi publicado pela primeira vez em setembro de 2019.

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