Municipalismo: A Melhor Forma de Combater o Estado

Qual é a melhor forma de combater o estado e por quê é o municipalismo?

A população já é a favor de descentralização do poder, embora seja anti separatista por confundir separação do estado com separação da população. Portanto, para ganhar mais adeptos à luta contra a centralização, deve-se propor descentralização sem secessão, deve-se propor o municipalismo confederalista.

A população não quer o municipalismo por querer livre mercado ou estado mínimo. Para quem não entende que a concorrência entre cidades por empresas tal qual empresas competem por clientes obriga os municípios a oferecerem melhores condições de negócios, ou seja, para quem não entende o básico de livre mercado, o municipalismo não significa estado mínimo ou liberalismo econômico.

Os leigos querem o municipalismo para que os políticos mais importantes estejam ao alcance da cobrança de seus eleitores, para que os problemas sociais sejam resolvidos por quem está perto deles e convive com eles, para que a participação individual do eleitor na política tenha maior importância, para que a população possa acompanhar de perto e combater políticos corruptos, entre tantos outros motivos.

Até os comunistas convictos são a favor do municipalismo. Pois, se o poder é centralizado, fica mais fácil para o grande capital comprar os políticos que importam e dominar todo o país de uma só vez, no lugar de ter que comprar políticos cidade por cidade, algo completamente inviável.

Para implantar o municipalismo não é necessário eleger políticos, ainda mais em um sistema eleitoral que não funciona. No atual sistema, os donos dos partidos escolhem quais candidatos os eleitores podem votar, o TSE, dominado pelo centrão, escolhe quais partidos podem existir, os maiores partidos se mantém no poder através do quociente eleitoral e dos fundos eleitoral e partidário, isto é, se mantém no poder independentemente de terem ou não representatividade, entre tantos outros absurdos.

Para implantar o municipalismo basta divulgar a proposta até que chegue na maioria da população, algo completamente possível, pois os leigos já querem o municipalismo, conforme demonstrado anteriormente. É como vender um produto que resolve os problemas dos consumidores, mesmo que seja desconhecido. É o exato oposto de propagar o anarcocapitalismo, que é extremamente rejeitado pela grande maioria coletivista.

Os leigos só vêem o atual sistema como legítimo pois acreditam que a culpa dos problemas sociais é dos próprios eleitores que votam errado. Por isso, o povo odeia político, mas ama o estado. Porém, com a divulgação do municipalismo, fica claro para todos que sistemas centralizados não tem como funcionar, pois são contrários às vantagens da descentralização do poder citadas anteriormente. Assim, a população passa a entender que a culpa não é do eleitor que vota errado, mas do próprio sistema centralizado, gerando uma demanda enorme por uma troca de sistema.

O estado não se mantém apenas pela força, mas principalmente pelo domínio ideológico e cultural, como nos ensina Rothbard em seu livro A Anatomia do Estado. O estado existe porque é demandado e o municipalismo confederalista simplesmente direciona essa demanda para a descentralização do poder. O estado é a oferta e, quando o problema é ofertado, não se combate a oferta, mas a demanda. Isto é, não se combate a consequência, mas a causa.

Com esta estratégia podemos combater de fato o estado em vez de apenas fugir dele. Na verdade, a fuga sequer é inteiramente possível, pois, mesmo que você só atue na economia paralela, ainda é fortemente afetado pelo estado. Os produtos que você compra, direta ou indiretamente, já estão repletos de impostos. Mesmo que toda a população usasse criptomoedas irrastreáveis, como a Monero, ainda assim o estado poderia focar em impostos sobre propriedades, como imóveis, veículos e terras, exatamente como era antigamente. Aliás, antes de existir internet e cartão de crédito, o estado também não sabia o quanto as pessoas transacionavam.

O municipalismo confederalista não é apenas a melhor estratégia de combate ao estado, como também é a solução para unir os puristas e os gradualistas. Ao mesmo tempo em que propagar algo que os leigos já querem é muito mais rápido que ensinar ética, política e economia, não fere a ética libertária, pois não cria um mal supostamente menor, como um político do novo, no lugar de um mal maior, mas simplesmente extingue o poder coercitivo das esferas federal e estadual, apesar de não eliminar a municipal, que já existe. Assim, a pressa dos gradualistas e a intransigência dos puristas são ambas atendidas.

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